O grande potencial das energias renováveis no Nordeste pode fazer com que o Brasil se torne o maior celeiro de energia limpa do mundo. No horizonte, brilha um mar de oportunidades, algumas com efeitos imediatos e outras com resultados a longo prazo.
Ocupar a liderança num ranking tão desafiador quanto cobiçado, depende de políticas públicas, legislação, marcos regulatórios, investimentos em tecnologia e inovação, recursos naturais abundantes, testes de soluções “com o carro andando”, como se diz no mercado, e outro fatores.
Nesse texto, vamos explorar alguns tópicos, entre oportunidades e desafios, com comentários de quem conhece o tema energias renováveis na prática. O gerente da Unidade Nordeste do Lactec, Eduardo Guimarães, é nosso convidado.
O Lactec é um dos maiores centros privados de ciência, tecnologia e inovação no Brasil.
“Temos atuado em projetos estruturantes de segurança cibernética e importantes projetos de energias renováveis no Nordeste, envolvendo usinas solares em localidades distantes, geração e armazenamento de energia, parques eólicos e estudos de potencial energético das ondas do mar, também conhecida como energia ondomotriz”, comenta Eduardo.
Sol e ventos abundantes no Nordeste
Quem procura um destino no Brasil com sol em qualquer estação, inevitavelmente vai para o Nordeste. A região registra umas das maiores taxas de irradiação solar do mundo.
Da mesma forma, tem a força dos ventos. A Associação Brasileira de Energia Eólica (Abeeólica) soma mais de 750 parques eólicos instalados no Nordeste.
Nessa conta, só a Bahia tem 265 parques eólicos e 46 parques solares fotovoltaicos em operação de acordo com a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
“Mais especificamente sobre o potencial da Bahia para geração de energia renovável, está muito relacionado à incidência solar durante todo o ano, à baixa média anual de cobertura por nuvens e à característica do vento. O vento é intermitente e unidirecional, o que facilita e potencializa muito essa questão da capacidade de geração de energia eólica”, comenta Eduardo.
Ventos na terra e no mar
Já falamos sobre o potencial eólico do Nordeste do Brasil. São ventos poderosos impulsionando tanto o mercado onshore (de torres eólicas na terra) quanto o offshore (de torres instaladas no mar).
O aumento dos preços dos combustíveis fósseis, o desenvolvimento industrial e os olhos do mundo voltados para produção de hidrogênio verde (H2V) no Nordeste, fortalecem o setor. A fonte eólica é capaz de reduzir custos na conta de energia dos consumidores e de colocar o Brasil como grande exportador de energia limpa (especialmente H2V) no mercado internacional.
Segundo a Abeeólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), são 8.211 torres instaladas na região Nordeste. Mas o avanço esbarra em desafios ambientais e tecnológicos. Por exemplo, é preciso investir em pesquisas para desenvolver, testar e aprimorar soluções que aumentem a capacidade dos geradores, melhorem softwares e baterias, e minimizem danos ambientais.
Energias Renováveis: projetos solares
Agora mirando nos raios solares, o aproveitamento dessa fonte de energia na região Nordeste traz oportunidades para a eficiência energética, para a democratização do acesso à energia elétrica e para a descarbonização.
Os sistemas fotovoltaicos se multiplicam no comércio, no setor industrial e nas residenciais. Inclusive, moradores de regiões remotas que não tinham rede elétrica disponível 24h, estão vivendo outra realidade com energia solar.
Veja como o projeto de implementação da primeira e maior microrrede 100% sustentável do Brasil, em Remanso, no sertão da Bahia, mudou a vida dos moradores da comunidade isolada Xique-xique.
Além disso, os sistemas fotovoltaicos impulsionam o mercado de tecnologia. Para que os sistemas solares se tornem ainda melhores, as concessionárias, as distribuidoras de energia e os consumidores precisam de soluções de integração e de armazenamento de energia.
Baterias, sistemas de conectividade, cibersegurança e dispositivos inovadores entram na lista da transformação digital e dos novos modelos de negócio que estão surgindo com a expansão da geração distribuída.
Usinas Híbridas
Quando se fala em transição energética e no potencial das energias renováveis no Nordeste, as usinas híbridas são uma alternativa interessante para a região.
O gerente da Unidade Nordeste do Lactec comenta: “Com as usinas híbridas, é possível unir as principais características e os pontos fortes de diversas fontes de geração de energia a partir de fontes não poluentes. Destaco projetos de solar e eólica, mas temos arranjos envolvendo a geração de energia a partir de biomassa. Isso depende muito da região do Nordeste, da composição que se quer fazer e da própria eficiência energética que se quer trazer”.
As usinas híbridas podem proporcionar uma série de benefícios para as geradoras e distribuidoras de energia, e para os consumidores finais. A produção de energia é otimizada assim como os custos de operação, uma vez que a rede de transmissão já existe.
“Com o armazenamento de energia nas usinas híbridas, o sistema elétrico também pode aumentar sua confiabilidade em períodos de alta demanda. E as redes inteligentes são essenciais para gerenciar a intermitência das fontes renováveis”, completa Eduardo.
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Energias renováveis no Nordeste: desafios e entraves
Não há dúvidas sobre o potencial econômico das energias renováveis no Nordeste. Assim como são claros os benefícios que poderão gerar: investimentos internacionais, maior oferta de empregos, eficiência energética, matriz energética mais limpa, inovação do setor elétrico e uma valiosa posição no mercado mundial.
Contudo, é necessário avançar em aspectos regulatórios, investimentos em infraestrutura e incentivos em pesquisa, tecnologia e inovação. Especialistas fazem coro quando reforçam que é preciso desenvolver tecnologia nacional e fortalecer a indústria para não depender de preços e produtos internacionais.
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O Lactec atua fortemente no mercado de energia, especialmente em fontes renováveis, sendo um dos únicos ICTs do Brasil com uma área exclusiva dedicada ao meio ambiente. Continue acompanhando nossos conteúdos pelas redes sociais (instagram, facebook e linkedin) e pelo nosso blog.