Pesquisadores do Lactec – instituto privado de tecnologia e inovação – começaram a trabalhar em um projeto para o Grupo Neonergia, que visa ao aprimoramento no controle patrimonial dos equipamentos instalados nas redes de distribuição, usando a tecnologia de identificação por radiofrequência. A expectativa é que o novo sistema simplifique os processos de levantamento de ativos das concessionárias, mantendo-se fiel às regras da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) quanto ao cadastro e movimentações de bens e instalações. O controle patrimonial é essencial para as empresas do setor elétrico, pois o conjunto de ativos é um dos itens considerados pelo órgão regulador nos ciclos de revisão tarifária.
Em um primeiro momento, o foco é a gestão dos transformadores: aprimorar uma etiqueta robusta (desenvolvida em projetos de P&D anteriores) contendo um chip de identificação por radiofrequência (RFID, na sigla em inglês), que comporte dados do equipamento – número, potência etc. – para registro e controle de todas as suas movimentações. E o desafio é, justamente, o de instalar esse identificador sobre a superfície de um equipamento que emite calor e está sujeito a campos elétricos intensos e às intempéries (umidade, raios ultravioleta, salinidade), o que pode causar interferências no funcionamento e levar à deterioração prematura do componente eletrônico.
Para dar respostas a essas adversidades, além dos pesquisadores da área de Eletrônica, o projeto envolverá equipes de outros laboratórios do Lactec, que farão uma série de análises, como ensaios de intemperismo artificial e de envelhecimento acelerado, por exemplo, para avaliar o material mais adequado para a etiqueta de identificação (RFID) a ser aplicada no transformador. A pesquisa também envolverá a equipe de Desenvolvimento de Software do Lactec para atualização e integração do software de gestão de ativos com o sistema integrado de gestão empresarial (SAP) da Neoenergia.
O gerente da área de Eletrônica do Lactec, Carlos Purim, explicou que a radiofrequência já é uma tecnologia consolidada. O diferencial do projeto com a Neoenergia está na finalidade de aplicação, que facilitará a gestão dos transformadores – ativo de maior valor nas redes de distribuição de energia. Além da etiqueta de identificação por radiofrequência, a ideia é adaptar um leitor RFID em uma “vara de manobra” – como é chamado o equipamento usado nas intervenções em linhas e instalações energizadas – para fazer a leitura da etiqueta nas atualizações do levantamento patrimonial das concessionárias.
Kickoff do projeto
Pesquisadores da equipe da Neoenergia, que participarão do projeto, estiveram esta semana na sede do Lactec, em Curitiba, para o “pontapé” inicial dos trabalhos, liderados pelo gerente do projeto, Igor Sancho Melo Lima. Eles foram recebidos pelo gerente de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação, Luiz Alkimin de Lacerda, pelo gerente da área de Eletrônica, Carlos Purim, e pelo coordenador do projeto no Lactec, Reginato Domingos Scremim, entre outros representantes do Escritório de Gerenciamento de Projetos (PMO, na sigla em inglês) da empresa. Pesquisadores da Enautec, empresa que coordenou e executou as fases anteriores do projeto, também participaram da reunião.
Na ocasião, a pesquisadora do Departamento Corporativo de P&D da Neoenergia, Janine Silva de Souza, destacou que o projeto demandará a interação entre as áreas de negócios e de pesquisa e desenvolvimento da holding, considerando se tratar de uma iniciativa voltada ao aprimoramento da gestão de ativos. Segundo o gerente do projeto pela Neoenergia, Igor Lima, a expectativa é “criar um produto de mercado” e “promover um upgrade na qualidade da gestão desse ativo da companhia”.
O Lactec assume a pesquisa na fase de “Lote Pioneiro” que, de acordo com os critérios da Aneel para projetos de P&D, envolve o aprimoramento e aplicação real do produto desenvolvido. O prazo previsto para o projeto é de 24 meses.