

A nova geração de satélites fornecerá dados globais mais precisos e consistentes para entender as mudanças e variabilidade do sistema climático. Essa foi uma das afirmações feitas pelo pesquisador da Nasa e da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), Steve Goodman, nesta sexta-feira (5), no Seminário Tecnológico de Monitoramento Ambiental, em Curitiba. Organizado pelos Institutos Lactec, o evento reuniu pesquisadores dos Estados Unidos, Índia, Brasil e Japão apresentando as mais avançadas tecnologias no setor, como satélites, radares e sensores de superfície, e discutindo seu potencial de previsão e prevenção. A intenção é que, além de conhecer o que o mercado oferece de mais avançado, pesquisadores e governos sejam sensibilizados para uma maior interação entre as instituições públicas e privadas desses países.
A partir do ano que vem, os Estados Unidos iniciarão uma série de lançamentos de novos satélites para o monitoramento ambiental. Eles terão melhor resolução, velocidade, informação e cobertura. Desde 2008, um acordo entre as agências espaciais dos Estados Unidos, do Brasil e de outros países, motivada pela Organização Meteorológica Mundial (OMM-ONU), prevê a cessão dos dados desta nova geração de satélites para ajudar no monitoramento da mudança climática. “O desafio será combinar essas informações de forma aceitável para que se possam fazer as interpretações. E o que esperamos é que os institutos brasileiros nos auxiliem na integração e interpretação desses dados, algo mútuo”, disse Goodman. O Brasil possui hoje dois satélites de monitoramento ambiental, o que é considerado pouco para a dimensão do país.
Para o pesquisador e cientista da Agência Japonesa de Exploração Aeroespacial, Ryoichi Furuta,também é preciso convencer os governos sobre a importância das informações e no potencial de previsão de desastres naturais que elas possuem, como o acompanhamento de atividades vulcânicas ou até mesmo a evacuação precoce de áreas que venham a ser atingidas por um tsunami ou tornado. No caso brasileiro, o pesquisador e gerente da Divisão de Geossoluções dos Institutos Lactec, Fabiano Scheer, destaca que além das informações dos satélites, há um esforço de pesquisa com tecnologias complementares para mapeamento aéreo territorial, a previsão de cheias de rios com possíveis áreas de alagamento e o monitoramento e controle da qualidade do ar e do deslizamento de encostas.
Registros das agências americanas apontam que a tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai é a região do mundo com maior volume de tempestades severas, que alia chuva às descargas elétricas. Os novos satélites prometem observar a atividade total de relâmpagos do espaço sobre todas as Américas e oceanos adjacentes. “Isso contribuirá para melhorar a percepção dos meteorologistas sobre o desenvolvimento de tempestades severas e a situação atmosférica para tornar o sistema de aviação mais segura e eficiente”, exemplificou Goodman.
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