As grandes transformações que o mercado de energia vem experimentando com a expansão das redes inteligentes e dos recursos energéticos distribuídos, além da abertura do mercado, que dá mais poder de decisão ao consumidor, trazem a reboque novos desafios para os players do setor elétrico. O principal deles é ampliar investimentos em tecnologia e inovação para fazer frente a essas mudanças e, também, acompanhar as tendências globais em novas fronteiras energéticas para a descarbonização da matriz, como é o caso da eólica offshore.
Esses temas pautaram o encontro virtual entre executivos, gestores e técnicos da Copel – uma das maiores companhias elétricas do país – e o Lactec – centro de referência em soluções tecnológicas para o setor elétrico. As duas empresas têm um histórico consolidado de parcerias em pesquisa e desenvolvimento tecnológico (P&D) e querem alinhar expectativas em relação ao futuro do mercado de energia. O evento on-line, ao vivo, realizado na última semana, reuniu perto de 300 pessoas.
O presidente do Lactec, Luiz Fernando Vianna, destacou que, como instituição de pesquisa, a empresa vem, ao longo dos anos, aperfeiçoando a forma de oferecer soluções aos agentes do setor elétrico e o próprio entendimento do mercado para se antecipar às tendências tecnológicas. “O Lactec está aqui para tornar realidade o que vem acontecendo de melhor mundo afora em termos de tecnologia. Não é à toa que nos tornamos um dos melhores centros de pesquisa e tecnologia do país. A Copel também sempre acreditou na inovação e, por isso, nós ainda temos muito a fazer juntos”, afirmou.
De acordo com o presidente da Copel, Daniel Pimentel Slaviero, que participou ao lado de Vianna da abertura do evento, a companhia sempre apostou na inovação, desde a construção de seus primeiros empreendimentos hidrelétricos, e segue até hoje fazendo investimentos vultosos em novas tecnologias. Como exemplo, o executivo citou o maior programa de Smart Grid da América Latina, que vai abranger um terço da população atendida pela Copel, no Paraná.
Slaviero entende que fatores como a abertura do mercado, a separação de lastro e energia e a expansão da geração distribuída exigirão novos esforços e o fortalecimento dos ecossistemas de inovação para a criação de novos modelos de negócios, que garantam a sobrevivência das empresas do setor elétrico. “Os próximos 10 anos serão mais desafiadores do que foram os 65 anos da história da Copel até aqui”, afirmou o executivo.
Lactec e Copel têm mais de 30 iniciativas em parceria, em andamento atualmente, em frentes de pesquisas e serviços nas áreas de sistemas elétricos de potência; tecnologias em energia; sistemas eletrônicos; desenvolvimento de sistemas; geotecnologia; energias renováveis; materiais de Engenharia e gestão de recursos ambientais.
Benchmarking internacional
O evento promovido pelo Lactec, batizado de Synergy Talks, teve o apoio do U.S. Commercial Service – Departamento de Comércio da Embaixada dos Estados Unidos no Brasil, para trazer experiências do país norte-americano na transição energética, com a participação de dois especialistas de lá.
O vice-presidente de Políticas e Regulação da Rede de Negócios de Energia Eólica Offshore, Brandon Burke, falou sobre a meta dos Estados Unidos de atingir 30 gigawatts (GW) de potência instalada em parques eólicos offshore até 2030 e sobre como tem sido a estratégia para alcançar essa capacidade, com investimentos principalmente na costa Leste do país.
Já a presidente do Conselho de Administração do Sistema Operador da Califórnia, Angelina Galiteva, apresentou as metas do estado norte-americano para zerar as emissões de gases de efeito estufa na geração de energia elétrica até 2045. Segundo ela, serão necessários investimentos em um conjunto de soluções, que envolvem a diversificação da matriz a partir de fontes renováveis, a ampliação efetiva das tecnologias de armazenamento de energia e da infraestrutura de recarga de veículos elétricos, ajustes na demanda de consumo, entre outras medidas.
Angelina afirmou que o Brasil tem uma grande vantagem, em relação à Califórnia, para a integração dessas tecnologias que é o fato de ter um sistema elétrico nacional interligado.