A restauração florestal pode fomentar o desenvolvimento econômico, social e ambiental do Brasil, sabia? Restaurar áreas que foram desmatadas, por exemplo, significa recuperar a vitalidade do solo, melhorar a qualidade da água, reconstruir o ecossistema e gerar renda para comunidades locais.
A ação de cuidar de nossas florestas é urgente e um dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da Agenda 2030 da ONU. O ODS 15 menciona: “Proteger, recuperar e promover o uso sustentável dos ecossistemas terrestres, gerir de forma sustentável as florestas, combater a desertificação, deter e reverter a degradação da terra e deter a perda de biodiversidade”.
Na última Conferência Internacional sobre Mudanças Climáticas, a COP 27, a restauração florestal foi um dos temas marcantes porque afeta todas as esferas da vida. Por isso, preparamos um guia completo para você entender mais sobre o assunto.
O que significa restauração florestal
Esse processo é definido como a obrigatoriedade de restaurar um espaço ao seu estado original. Ou seja, todos os aspectos relacionados à topografia, solo, vegetação, fauna, entre outros, precisam apresentar as mesmas características de como eram antes da modificação e/ou interferência humana, que pode ter causado impactos negativos.
Dessa forma, é possível restaurar o habitat natural de espécies nativas da área, agir diretamente no combate às mudanças climáticas, estimular a economia local, restaurar a integridade ecológica, proteger a biodiversidade, além de outros benefícios para toda a região e comunidade ao redor.
Para a restauração florestal ser feita de maneira eficaz e duradoura, é necessário realizar pesquisas e estudos na região para determinar e atingir os objetivos estabelecidos.
Fatores como o nível de degradação e qualidade do solo podem influenciar nos métodos escolhidos para realizar esse processo. É necessário fazer um diagnóstico e dependendo do grau de resiliência dos locais a serem recuperados, são definidas as melhores técnicas de restauração.
“Em pontos onde temos menor resiliência é preciso usar de técnicas mais ativas como plantio de mudas, transposição de solo e até mesmo obras de bioengenharia. No caso de locais que tenham um banco de sementes e proximidade a fragmentos florestais, poderiam ser utilizadas técnicas como semeadura direta, isolamento, poleiros artificiais e nucleação com galhada. Cada técnica possui um custo e isso pode limitar a sua implantação”, explica o pesquisador da área de meio ambiente do Lactec, Juliano José da Silva.
3 etapas do processo
É essencial que a restauração florestal aconteça em três etapas: diagnóstico, implantação e monitoramento. Durante o diagnóstico, é feito o levantamento das informações socioambientais da área para conhecer mais sobre fatores de degradação, espécies nativas, condições do solo e mais.
Em seguida, durante a fase da implantação, as técnicas de restauração são adotadas na área. A partir disso, por meio de monitoramento do projeto é possível avaliar o que pode ser feito para atingir os objetivos, levando em conta os indicadores de sucesso determinados previamente.
Objetivos da restauração florestal
A restauração florestal tem inúmeros benefícios para o meio ambiente, como:
- Regulação do clima;
- Proteção do solo;
- Melhora da qualidade da água;
- Proteção da biodiversidade;
- Combate do desmatamento ilegal;
- Resgate de saberes ancestrais;
- Descarbonização do planeta.
Além disso, é importante destacar que esse processo também tem impactos positivos para o desenvolvimento socioeconômico das comunidades da região. As florestas plantadas geram renda para produtores rurais e povos originários. De forma sustentável, eles cultivam madeiras de espécies nativas, coletam e manejam sementes, produzem alimentos e mais.
Restauração, recuperação e reabilitação
No âmbito da conservação do meio ambiente, é comum haver dúvidas entre restauração, recuperação e reabilitação de áreas degradadas.
Com a restauração, existe a intenção de refazer um ecossistema, restabelecendo as espécies e condições naturais originais da área degradada. Ou seja, é obrigatório o retorno ao estado original, antes da intervenção humana. Isso inclui fatores como topografia, vegetação, fauna, solo e hidrologia.
Já na recuperação, novas florestas são cultivadas para restabelecer o uso do solo, podendo ser diferentes das espécies originais. Segundo o Decreto Federal nº 97.623/89, é o “retorno do sítio degradado a uma forma de utilização, de acordo com um plano pré-estabelecido para o uso do solo, visando à obtenção de uma estabilidade do meio ambiente”.
Com planos de reabilitação, áreas degradadas voltam a ser úteis para uso humano, sem necessariamente ter a vegetação original. Acontece em projetos como parques.
Projetos do Lactec
Você sabia que a equipe de meio ambiente do Lactec tem pesquisadores especializados e experientes em restauração florestal? Desde 2016, eles atuam em reconhecidos projetos de Pesquisa e Desenvolvimento.
Uma iniciativa de destaque é o projeto do Parque Nacional Guaricana, na Serra do Mar paranaense, para restaurar uma área de 100 hectares de Mata Atlântica. A ação estimula o protagonismo da comunidade indígena Tupã Nhe´é Kretã, que participa ativamente das decisões sobre os locais que devem ser restaurados.
Liderada pela cacica Andreia Fernandes, a comunidade indígena recebeu capacitação da equipe do Lactec em parceria com o Fundo Brasileiro para Diversidade – Funbio. O projeto demandou a constituição de uma associação e “isso trouxe a possibilidade da obtenção de recursos e organização nas ações da comunidade indígena”, complementa Juliano, pesquisador do Lactec.
Além de compartilhar conceitos básicos e técnicas relacionados à recuperação de áreas degradadas como a produção de sementes, outro objetivo do projeto é desenvolver a influência da mulher como liderança na comunidade.
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