O transporte da energia em um país de dimensões continentais, como o Brasil, é um dos grandes desafios para a engenharia, que persegue eficiência em desempenho operacional com o menor custo para tornar o empreendimento de transmissão viável. Pesquisadores do Lactec trabalham no desenvolvimento de uma metodologia, que defina a melhor configuração técnica para a construção de linhas de transmissão (LTs), com tensões de operação de até 525 kV, combinando as tecnologias de potência natural elevada (PNE) e de LTs compactas. O projeto, previsto para ser concluído até novembro deste ano, foi contratado pela subsidiária de Geração e Transmissão da Copel.
O coordenador do projeto de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) pelo Lactec, Renato de Arruda Penteado Neto, explica que o conceito de PNE permite transportar mais energia por conjunto de condutores e o conceito de LT compacta, como o próprio nome sugere, ocupa uma área menor para a implantação. “Nosso objetivo é investigar um novo arranjo de LTs, visando garantir condições ideais de isolamento e baixo nível de interferência eletromagnética, diminuindo custos de implantação, inclusive os decorrentes da indenização da faixa de servidão, e, principalmente, maximizando a energia elétrica total transmitida até os centros consumidores”, acrescentou.
A nova configuração proposta deve permitir, ainda, que os serviços de manutenção sejam feitos com a linha energizada – ou em “linha viva”, na linguagem do setor elétrico. Isso também contribui para evitar desligamentos e seu impacto no Sistema Interligado Nacional. “O projeto abrange o desenvolvimento de uma ferramenta digital para cálculo expedito de LTs, que determinará, entre outros detalhes, o cabo condutor com menor bitola e com reduzida perda de energia”, complementou Penteado.
De acordo com o pesquisador, o maior diferencial dessa pesquisa é a junção dos dois conceitos – de PNE e LT compacta – no mesmo arranjo técnico. Os testes que embasam os estudos em diferentes configurações de LTs estão sendo realizados no Laboratório de Alta Tensão do Lactec, em Curitiba.
“Para a Copel, este projeto é de grande relevância. Uma alternativa como essa, que atende aos requisitos de segurança com custos inferiores em relação às soluções convencionais, agrega valor aos negócios da empresa e, ao mesmo tempo, contribui para aumentar a confiabilidade do Sistema Elétrico de Potência”, afirma o gerente do projeto na Companhia, Marcio Tonetti.