O Lactec está desenvolvendo um projeto de pesquisa e desenvolvimento (P&D), em parceria com a Hidrobombas Engenharia e a Global Participações em Energia (GPE), que tem o objetivo de avaliar a funcionalidade, viabilidade técnica e econômica e a eficiência energética de sistemas de absorção e conversão de energia das ondas em eletricidade. Em evento on-line realizado nessa quarta-feira (25/11), a equipe de pesquisadores apresentou um panorama geral sobre o Projeto de Geração de Energia Ondomotriz (GEO), os resultados obtidos até agora e os próximos passos desse estudo, que já atingiu a fase de testes e avaliação de desempenho, em modelos reduzidos.
O coordenador do Projeto GEO pelo Lactec, Rodrigo Paludo, explicou que a pesquisa se baseou no protótipo desenvolvido pelo empresário baiano Hélio Borges, da Hidrobombas. O modelo original consiste, basicamente, em um sistema flutuante, fixo em um chassi, com braços articulados, que oscilam conforme o movimento das ondas, gerando energia. O conceito foi aprimorado e a partir de modelagem 3D foi possível realizar os estudos iniciais. “Desenvolvemos um vasto estudo cinemático, dinâmico, avaliando componentes, robustez, flutuabilidade e estabilidade do sistema”, acrescentou o pesquisador.
De acordo com Paludo, também foi construído um tanque de ondas, em escala menor, e desenvolvidos os dispositivos para os testes preliminares. Para dar suporte à nova etapa de estudos, está sendo construído, em uma das unidades tecnológicas do Lactec, em Curitiba, o Laboratório de Estudo da Energia das Ondas (LEEO), que permitirá simulações com diferentes modelos reduzidos de conversores de energia, antes de sua instalação em ambiente marinho. O projeto é realizado no âmbito do Programa de P&D da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Diversificação da matriz
O coordenador do Projeto GEO defendeu que frentes de pesquisa como essa são importantes para indicar novos caminhos para a diversificação das fontes de geração. O pesquisador apontou o potencial do litoral brasileiro (90 gigawatts) e as vantagens de aproveitamento da energia do mar em termos de fator de capacidade e de regularidade na geração, em comparação com outras fontes intermitentes, como a eólica, por exemplo, como diferenciais competitivos relevantes para que a fonte ondomotriz garanta seu espaço na matriz elétrica brasileira.
O professor da Faculdade de Engenharia do Porto (Portugal), Paulo Rosa Santos, que tem se dedicado a pesquisas em energias renováveis e acompanhou projetos de aproveitamento do potencial oceânico em diversos países europeus, divide opinião semelhante. “Esse é um projeto que eu considero muito interessante e muito estratégico para um país como o Brasil, tão extenso e com uma zona costeira também muito extensa. O projeto está apenas no seu primeiro ano, mas já tem muitos resultados interessantes para mostrar. Penso que se trata de um projeto muito promissor e que trará muitos e bons resultados nos próximos anos”, declarou o especialista, durante sua participação no webinar promovido pelo Lactec.
Domínio tecnológico
Santos também defendeu o aproveitamento de novas fontes de energia renovável, em razão do crescimento da população mundial e do aumento do consumo de energia per capita. “Isso faz com que seja necessário continuar a investir no desenvolvimento de novas tecnologias, que possam aproveitar novos recursos e complementar o ‘mix’ energético. Com a fonte renovável, nós podemos evitar problemas em termos de aquecimento global e também mitigar os processos climáticos que atualmente estão em curso”, ponderou.
Durante sua palestra, o pesquisador português, que também integra a equipe do Centro Interdisciplinar de Investigação Marinha e Ambiental (Ciimar) da Universidade do Porto, apresentou as várias possibilidades de aproveitamento do potencial do oceano – energia das ondas, das correntes das marés, de gradientes térmico e salino – e relatou sua experiência com projetos que buscam o domínio tecnológico desses recursos. Uma das frentes de pesquisa em andamento avalia a aplicação de tecnologias em áreas portuárias.
No Brasil, o único projeto dessa natureza é a Usina de Ondas do Porto de Pecém (CE), cujo piloto foi desenvolvido pela Coppe, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
A gravação do webinar está disponível no Canal do Lactec no YouTube.
Para mais informações sobre o Projeto GEO, acesse o site Energia das Ondas.